quarta-feira, 1 de junho de 2011

O amor pode crescer.



Textos do  livro “De todo o coração” de Luciano Subirá. 

Texto base: João 21.15-17

Obs.: Leia o texto base, conheça o diálogo entre Pedro e Jesus (caso você não conheça), e inicie a leitura dos dois textos a seguir. É um pouco extenso, porém, acredito que você será edificado. Boa leitura! :)

...o nosso amor pode crescer.  A conscientização da pequenez do nosso amor a Cristo não deve nos trazer sentimentos de culpa ou de condenação, e sim de estímulo ao crescimento. O fato de reconhecermos a grande distância em que estamos do alvo nos mostra que devemos nos esforçar mais para alcançá-lo.
Lembre-se que, anteriormente, Simão Pedro achava que amava ao Senhor a ponto de dar sua própria vida por Ele. De repente, ele veio a descobrir que não era tudo o que pensava ser, e tampouco amava tanto quanto achava. Decepcionado, Pedro passou a achar que ele não amava assim ao Senhor. É neste dilema vivido pelo apóstolo que Cristo o levou a examinar-se a si mesmo e a verificar a intensidade e a qualidade do seu amor.

Vemos isto na maneira pela qual as perguntas lhe foram feitas pelo Senhor e pela promessa que Ele lhe fez depois delas. Há um jogo de palavras no original grego que não percebemos na tradução do português. Trata-se da palavra “amor”. O grego usa palavras diferentes para conotar expressões diferentes de amor. Se a referência ao amor é física, sexual, então a palavra grega empregada é “eros”.Se a conotação do amor for fraternal,então é “filio” . E,quando se trata de um amor perfeito,intenso, do tipo do amor de Deus, então a palavra usada é “ágape”.

Na língua portuguesa não temos este tipo de diferença. Contudo, Jesus usou diferentes tipos de palavras na conversa com Pedro.
Na primeira pergunta, Ele diz: - Tu me amas (“ágape”)?
E Pedro lhe responde – “Tu sabes que te amo” (“fileo”).
Na segunda vez acontece o mesmo. Jesus pergunta se Pedro O ama na maior intensidade de amor –“ágape”-e Pedro reconhece que O ama, mas nem tanto: o seu amor era somente “fileo”. Como não consegue levar a Pedro à dimensão de amor da Sua pergunta, Jesus desce à dimensão dele, e, na terceira vez, pergunta-lhe:
- Tu me amas (“fileo”)?
Aí então Pedro diz:
-Senhor, Tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu te amo (“fileo”).
É como se uma vez mais ele afirmasse:
-O meu amor não vai além disso,e eu não quero enganar a mim mesmo de novo!

Portanto, para as perguntas de Jesus a Pedro: “Tu Me amas?”, as respostas foram: “Senhor, Tu sabes que eu gosto de Ti!” No entanto, a beleza desta conversa está no fato de que, ainda que Jesus não tivesse ouvido da boca de Pedro que ele O amava a ponto de morrer por Ele, o Mestre afirmou que Pedro ainda glorificaria a Deus através da sua morte:

“Na verdade, na verdade te digo que,quando eras mais moço,te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias: mas,quando já fores velho,estenderás as mãos,e outro te cingirá e te levará para onde tu não queiras.E disse isso significando com que morte havia de glorificar a Deus.E,dito isso,disse-lhe: Segue-me.” João 21.18,19

Ao dizer a Pedro a maneira como ele morreria, Jesus estava declarando que chegaria o dia em que ele amaria ao Senhor como o Senhor deseja ser amado. E, na promessa de que Pedro daria a sua vida por Ele, Jesus declarou até mesmo que tipo de morte seria: o apóstolo estenderia as suas mãos (ou seja, pela crucificação, um tipo de morte comum nos dias do império Romano!). E a tradição nos ensina que,quando o imperador Nero mandou crucificá-lo (entre 64 e67 d.C),Pedro teria dito o seguinte:
- Não sou digno de morrer como o meu Senhor!
E, em seguida, ele teria pedido que o crucificassem de cabeça para baixo, o que,se de fato ocorreu,foi uma demonstração ainda maior de amor a Jesus Cristo!

Durante muito tempo eu achei que Jesus fez estas três perguntas a Simão Pedro como uma forma de lhe dar a chance de “construir” as suas três negações. No entanto, ao examinar este jogo de palavras, percebi que o Senhor não queria acusá-lo ou desanimá-lo. Além de levar o apóstolo à conclusão de que ele ainda não o amava o quanto deveria o Senhor fez isto com um único propósito: inspirá-lo a crer que um dia ele atingiria a maturidade deste amor “ágape” por Ele!

É importante destacarmos o seguinte: o Senhor acredita em nós mais do que nós mesmos! Ele vê o nosso potencial de sucesso quando somente enxergamos as nossas falhas. Ele vê o nosso futuro quando nos prendemos ao nosso passado. Quando falhamos em expressar-lhe o nosso amor, Ele consegue dizer a cada um de nós:
- Eu sei que você ainda vai chegar lá!
Assim como Pedro teve a sua “chama de esperança” reacesa, igualmente nós também podemos ter a nossa esperança reavivada. Até mesmo se o nosso coração ainda estiver manifestando a intensidade e a qualidade de amor que deveria, podemos seguir adiante, decidindo crescer neste amor!

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